terça-feira, 10 de julho de 2012

Como tudo aconteceu.


Aconteceu numa noite fria como essa. Era o séc. XVIII, o ano era 1787, dia 25 de maio. Eu estava voltando do teatro com algumas amigas. Tínhamos ido ver Don Giovanni, nunca me esquecerei da névoa pesada que pairava no ar naquele dia. Estava quase chagando em casa quando, de repente, eu ouvi passos vindo na minha direção, como fiquei assustada, apertei o passo, mas não adiantou. Como vento, ele chegou e me empurrou na parede, tentei gritar, em vão, as mãos dele geladas como a chuva que caíra na noite anterior, e ele disse: "Não tenha medo, amanhã você irá se sentir melhor, muito melhor." Não consegui me desvencilhar dele, e então, tudo ficou escuro e só senti seus dentes rompendo minha pele e atravessando minha carne até chegar em meu sangue, que descia quente pelo meu corpo. Parecia que o mundo inteiro era um borrão, e quando já estava quase tudo se apagando ele parou, eu estava muito fraca e quase cai, mas ele me segurou e disse: "Não se preocupe" me deu seu braço e disse: "Beba que a dor irá embora.", e foi ali que eu cometi o meu maior erro, bebi o  sangue gelado que saia de seu pulso, e ai, tudo se apagou. Não conseguia abrir os olhos, mas o cheiro era inconfundível, orquídeas, minhas flores favoritas, e quando finalmente consegui abrir meus olhos percebi que estava já tinha estado ali antes, mas como a luz ainda incomodava meus olhos, não consegui identificar onde estava. E, ao mesmo tempo, percebi que estava com uma fome enorme, então levantei e fui procurar a saída, em vão. Então decidi me lembrar aonde eu estava, foi quando eu vi um quadro na parede da sala de estar. Não pude acreditar. Eu estava na casa de um dos melhores amigos de meus pais. Johann Mazocchini era um amigo de longa data de meus pais. Meu pai que sempre gostou dele, já tentara muitas vezes casar-me com ele, mas sempre me achei muito nova para casar, afinal tenho apenas 19 anos, Me apavorei. Seria eles um dos demônios da noite que eu abominava? Não queria ficar para descobrir, mas quando ele apareceu na porta da sala, congelei. Não podia acreditar no que estava vendo. Ele estava lá, parado em pé, com uma taça de cristal cheia de sangue. Minha mente ainda não conseguia acreditar, até que ele levou a taça a seus lábios, que estavam com um sorriso digamos que, "maligno", mas mesmo apavorada, e abominando aquela criatura que estava ali parada, não deixava de achá-lo perigosamente irresistível. Não me dei ao trabalho de perguntar o que havia acontecido, e nem precisei. Ele chegou perto de mim e disse: "Você esta no meu mundo agora."

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